quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Medo



“Viver com medo é viver pela metade. Nunca duvide de sua capacidade divina, pois se a vida tem valor é justamente pelo fato de você ter valor diante da vida. O Mundo só existe a partir da nossa experiência consciencial e isto requer ação, não omissão.”
(Claudinei Almeida Milsone)

MEDO

Medo, palavra pequena de apenas quatro (4) letras, mas tão abrangente quanto o infinito. O medo representa um estado suscitado pela consciência de um temor, receio ou perigo, que pode ser fundamentado ou irracional, real ou imaginário.

O medo parte de um princípio positivo, em especial quando nos deparamos à   frente de um perigo real e fundamentado, pois ele atua em nosso corpo liberando altas doses de adrenalina. O coração passa a bombear mais sangue para os nossos tecidos e músculos, nossos pulmões, através dos brônquios, se expandem para captar mais oxigênio e se desencadeia toda uma série de reações orgânicas que nos preparam para a luta e o enfrentamento ou para a fuga, mas ambos visam à proteção do ser. É o instinto de sobrevivência falando mais alto.

Nossos ancestrais quando se deparavam nos primórdios da humanidade com feras, tais como leões, tigres ou outros animais selvagens não teriam a menor chance de sobrevivência se não fosse o medo disparar a adrenalina e desencadear as reações no organismo que os preparavam para a luta ou fuga. Imagine se ao invés de olharem para uma fera e sentirem medo eles reagissem: “Eu acho que eu vi um gatinho”, com certeza não existiríamos e nem estaríamos aqui para contar história.

Quem não se lembra do menino que perdeu o braço em um zoológico quando estava “brincando” com um leão. Talvez o sentimento de medo, comum nestas situações, o tivesse salvado do acidente, que por sorte não foi pior, pois poderia ter lhe custado a vida.

Portanto, esse medo, enquanto real e fundamentado, é importante para a preservação da espécie.

Entretanto, com o passar dos tempos e o avanço tecnológico não temos mais que nos defrontar com feras selvagens como nossos ancestrais e, em tese, não deveríamos viver em uma sociedade com tanto medo, correto?

Todavia, ocorre justamente o contrário, vivemos em uma sociedade onde um dos sentimentos mais generalizados é o medo, só que um medo doentio, negativo e limitador da essência humana. Vivemos pela metade. As pessoas hoje sofrem medo de tudo e de todos, são fobias e mais fobias.

As pessoas têm medo de perder o emprego, medo de não conseguirem pagar suas contas no final do mês, medo de não ser amadas, medo de se expor e não serem aceitas, medo de fracassar, medo de ficar doentes, medo de andar sozinhas à noite, outros com medo de andar de avião, medo de dirigir carro, medo de insetos, medo de água, etc. Há uma infinidade de medos que um ser humano pode nutrir.

Para citar alguns exemplos limitadores desses medos, tenho uma vizinha no meu edifício que não desce no mesmo elevador se alguém estiver com um cachorro, mesmo se for de porte pequeno e estiver no colo. Outra amiga, a quem admiro muito, que não viaja de avião, mesmo com a filha morando no exterior. Uma colega, que tem um medo tão grande de água, que somente de colocar a mão em um tanque já sofre com pensamentos aterrorizantes de estar se afogando. São exemplos de medos que limitam a expressão de nossa totalidade.

Nos casos de fobias, dos medos irracionais e imaginários, a cura passa justamente pelo enfrentamento do medo, pois em resumo, ou nós confrontamos nossos medos e os dominamos ou seremos dominados por eles.

Para curarmos nossos medos devemos fazer as coisas as quais temos medo, para aprender, através da nossa própria experiência, a não temê-las. A ação cura o medo. Se você ficar pensando muito: vou ou não vou, faço ou não faço, você estará alimentando o medo. As pessoas devem ser colocadas na situação temida para que o cérebro emocional se convença de que as coisas terríveis imaginadas não vão acontecer, ou seja, se alguma coisa te amedronta, te incomoda, não fuja, enfrente-a. Um ego maduro não busca segurança, ele sai da sua zona de conforto e vai viver a vida, enfrentando seus medos, arriscando-se, buscando, ousando.

Desta forma, ao contrário do que muitas pessoas fazem não devemos afastar os pensamentos assustadores e sim trazê-los à mente, à nossa consciência e desafiá-los, para serem examinados e reavaliados. Sufocar os medos e os pensamentos ruins torna-se contraproducente, pois quanto mais tentamos sufocá-los, mais eles se tornam recorrentes, pois você acredita neles, aceita como sendo seus e alimenta as emoções que se originam desse padrão mental e isso se torna um ciclo vicioso, onde as reações vão ficando cada mais fortes.

Portanto, não acredite em tudo que pensa. Nós podemos mudar nossos sentimentos de medo mudando os pensamentos que os produzem. Devemos verificar quais são nossas alternativas, colocar os sentimentos em perspectiva e reavaliá-los. Você continuará tendo pensamentos assustadores, continuará sentindo medo, mas descobrirá que você pode viver com eles, pode dominá-los ao invés de ser dominado por eles e experimentará uma sensação libertadora, pois estará vivenciando sua potencialidade e não se limitando ou vivendo pela metade.

Como já dizia Mark Twain, “Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo”. Assim sendo, identifique os seus medos e os desafie. Augusto Cury, outro brilhante pensador, afirma no mesmo sentido: “Não tenha medo da vida, tenha medo de não vivê-la. Não há céu sem tempestades, nem caminho sem acidentes”.

Neste diapasão, não poderíamos deixar de trazer um poema sobre o medo, de autoria de Osho, denominado: O Rio e o Oceano.

O Rio e o Oceano
“Diz-se que mesmo antes de um rio cair no oceano, ele treme de medo.
Olha para trás, para toda a jornada, os cumes, as montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre.
Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece.
Porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se oceano. Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento.
Assim somos nós. Só podemos ir em frente e arriscar. Coragem!! Avance firme e torne-se Oceano”.

Acima falamos do medo real e fundamentado, que possui um aspecto positivo de preservação da espécie, pois abrange o instinto de sobrevivência e falamos também dos medos e fobias que alimentamos, que são mais irracionais e imaginários, de aspecto negativo e limitadores da essência humana, onde a cura passa pelo enfrentamento e o domínio sobre o medo, mas não poderíamos terminar esse texto sem falar de um medo, que na minha humilde concepção é o pior que existe: O medo que o ser humano sente do outro ser humano.

Dois exemplos que retratam essa triste realidade, dentre inúmeros que poderíamos trazer, aconteceram recentemente. Em um deles, um torcedor do Santos foi morto a pauladas quando passeava tranquilamente com um amigo depois de comprar uma bebida em um posto de conveniência, simplesmente por não torcer pelo mesmo time de seus agressores.

O que fazer nesse caso? Devemos enfrentar o medo e sair com a camisa do nosso time, mesmo correndo o risco de encontrar um maluco que possa nos assassinar a pauladas pelo simples fato de não torcermos pelo mesmo time que o dele? Ou é melhor nos omitirmos, não viver nossa essência, nos limitarmos, para preservarmos nosso instinto de sobrevivência. Esse é um medo irracional e imaginário ou real e fundamentado? Quer a resposta? Eu não vou dá-la, pois nem eu sei qual é a resposta para isso. Sei que é resultado da falta de Amor, mas como incutir Amor em pessoas que ainda não aprenderam a Amar? Que ao invés de preservar a vida a destroem?

Outro fato ocorreu em Paris, onde pessoas foram mortas em vários locais, entre cafés, restaurantes e teatros, simplesmente por professarem uma crença religiosa e um estilo de vida diferente da dos seus agressores. Muitos vão falar: “Ah, são terroristas e devem ser eliminados da face da terra!” Mas aí eu penso: Quantas pessoas não foram mortas em um passado não tão distante pela Igreja na época das Cruzadas e na época da Inquisição? Isso também se deu em nome de Deus. O que fazer em tais situações? Será que uma nova guerra é o caminho para paz? Será que a paz combina com guerra e com a morte de soldados, civis e inocentes? Até quando continuaremos neste ciclo de destruição e morte? Até quando seres humanos continuarão sentindo medo de outros seres humanos? Até quando seres humanos continuarão matando outros seres humanos?

Há uma música cantada por Lenine e Julieta Venegas, chamada “Miedo”, ao qual transcrevemos alguns trechos que servem para reflexão, nesse momento de medo e dor que assola o Mundo:

O medo é uma sombra que o temor não esquiva
O medo é uma armadilha que prendeu o amor
O medo é uma alavanca que apagou a vida
O medo é uma fenda que aumentou a dor
Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma força que não me deixa andar
Medo que dá medo do medo que dá

Em alguns casos, parecemos ter a resposta para os nossos medos, em outros, parece que não temos resposta alguma. A isso chamamos de angústia, que é o sentimento de insegurança, inquietude, acarretado por dor, sofrimento, falta ou carência.

E essa angústia se explica pela falta e pela carência de Amor. Quando falta Amor no coração dos homens, sobram medos e angustias.

Até quando?

Quando vamos aprender a lição do Amar ao próximo como a nós mesmos?

Quando vamos nos unir ao invés de separar e dividir?

Quando deixaremos de ser Rio e nos tornaremos Oceano?



(Texto de Autoria de Claudinei Almeida Milsone)

terça-feira, 3 de novembro de 2015

AS CORES


“Gosto das cores, das flores, das estrelas, do verde das árvores, gosto de observar. A beleza da vida se esconde por ali, e por mais uma infinidade de lugares, basta saber, e principalmente, basta querer enxergar”.

AS CORES – E A MAGIA DE UM UNIVERSO COLORIDO

Em algum dia da sua vida, ao levantar-se da cama, você já agradeceu as cores? Agradeceu pelo amarelo dourado do Sol, o azul do Céu e do Mar, o verde da Natureza, o rosa e o violeta encontrado nas flores, o branco das nuvens, sem esquecer do vermelho, cor do coração, que transborda Amor e Paixão?

Será que em algum momento da tua existência você já parou para contemplar o espetáculo colorido que nossos olhos tem acesso diariamente e de forma gratuita? E reparou que tudo a nossa volta é repleto de cores, tornando todas as coisas mais belas?

Se a sua resposta para as perguntas acima foi não, então eu simplesmente lhe digo que nunca é tarde para começar a agradecer, pois você já imaginou o que seria um mundo sem cores? Ou se Deus tivesse criado o mundo em preto e branco ou simplesmente monocromático?

Com certeza o mundo teria um aspecto triste, pois são justamente as cores que trazem vida e alegria ao Universo. As cores estão presentes na natureza distinguindo espécies em todos os reinos: mineral, vegetal, animal e hominal. Somos agraciados com infinitas combinações de cores de cristais, flores, frutas, vegetais, animais, pássaros, entre outros; cada qual resplandecendo sua beleza através de uma ou mais combinações de cores.

No reino hominal temos pessoas que nascem com olhos pretos, castanhos, verdes, azuis. Outros que possuem cabelo preto, castanho, branco, louro ou ruivo. Temos os índios conhecidos como pele vermelha, os povos orientais denominados de pele amarela, os europeus ou povos ocidentais também chamado de homem branco, e os africanos ou negros, além da miscigenação existente com o cruzamento entre as raças. Todos fazendo parte de uma única família: A FAMÌLIA HUMANA.

Como você pode perceber as cores se misturam no Universo resultando em uma composição bela e harmônica, que reflete a perfeição e o Amor do Criador para com seus filhos. Mas apesar da beleza das cores, infelizmente em pleno século XXI ainda temos que conviver com o preconceito racial e com pessoas que se julgam superiores, simplesmente por terem uma cor de pele diferente. Na natureza todas elas se misturam e vivem juntas, em harmonias, mas o homem prefere ignorar a beleza dessa mistura e destilar seu ódio racial, através da violência, guerras, supressão de direitos...Isso me faz lembrar a lenda do do Arco-Íris, de autoria desconhecida, que segue abaixo para reflexão:

A LENDA DO ARCO-ÍRIS

Houve uma vez em que as cores do mundo começaram uma disputa entre si. Cada uma reivindicava para si que era a melhor.

A mais importante.
A mais útil.
A mais bela,
A favorita...

As cores se ostentavam, cada uma enaltecendo sua superioridade.

A disputa estava cada vez mais acirrada, quando, de repente, um flash surpreendente de um trovão iluminou tudo...

A chuva verteu implacavelmente.

As cores se encolheram de medo, enquanto procuravam ficar mais perto uma das outras.

No meio do barulho, a chuva começou a falar:

- Vocês, cores tolas, lutando entre si, cada uma tentando dominar as outras...vocês não sabem que cada cor traz um propósito especial? Nem igual, nem diferente? Deem as mãos e venham a mim.

Fazendo como lhes fora dito, as cores se uniram e deram-se as mãos. E a chuva continuou:

- De agora em diante, quando chover, cada uma de vocês se mostrará pelo céu, em um grande arco colorido, para lembrar que se pode viver em paz. Criarão o Arco-Íris; e ele será sempre um sinal de esperança.

E assim, sempre que uma boa chuva lava o mundo, um lindo Arco-Íris aparece no céu, mostrando a amizade e a paz entre as cores.

Na música “Pensamentos”, de composição de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, temos uma passagem, que vale a pena ser ressaltada, pois vem ao encontro do texto:

“E eu penso nas razões da existência contemplando a natureza nesse mundo, onde às vezes aparente coincidências tem motivos mais profundos. Se as cores se misturam pelos campos é que flores diferentes vivem juntas, e a voz dos ventos na canção de Deus, responde todas as perguntas”
Quando unimos nossas mãos, nossas diferenças ficam menores. Nosso poder aumenta e nos tornamos muito mais belos. Que um dia possamos alcançar a paz e viver em harmonia, assim como as flores nos campos. E, assim, se torne realidade outro trecho da música "Pensamentos", nos seguintes versos:  

“Quem me dera que as pessoas que se encontram se abraçassem como velhos conhecidos, descobrissem que se amam e se unissem na verdade dos amigos. E no topo do Universo uma bandeira estaria no Infinito iluminada pela força desse AMOR, luz verdadeira. Dessa PAZ tão desejada”

NAMASTÊ