quarta-feira, 21 de outubro de 2015

AMOR


“Quando eu me amo eu me liberto do peso e da necessidade de que você me ame”
(Claudinei Almeida Milsone)

AMOR

Nenhuma palavra no mundo foi tão definida, conceituada e debatida quanto a palavra amor. Ela aparece nos textos religiosos, literários, em poesias, canções e em todas as formas de expressão possíveis e imaginárias. De tudo que eu já li, vi, ouvi e presenciei a respeito do amor, a definição que mais se aproxima da essência e da pureza transmitida por essa palavra foi dada por Naomi Raiselle, nos seguintes termos extraído da página 97 do livro: O Livro do Perdão – O Caminho para o Coração Tranquilo, de autoria de Robin Casarjian, Editora Rocco, 3ª edição.

“O Amor não é mais nem menos do que a expressão simples, honesta e natural da nossa totalidade, da nossa completa auto-aceitação
Essa definição de Amor me faz lembrar de uma música da década de 80, da Banda Ultraje a Rigor, chamada Eu me Amo. Para quem não viveu essa fase ou não se lembra da canção, segue a letra abaixo:

Há quanto tempo eu vinha me procurando
Quanto tempo faz, já nem lembro mais
Sempre correndo atrás de mim feito um louco
Tentando sair desse meu sufoco
Eu era tudo que eu podia querer
Era tão simples e eu custei pra aprender
Daqui pra frente nova vida eu terei
Sempre a meu lado bem feliz eu serei
Eu me amo, eu me amo
Não posso mais viver sem mim
Como foi bom eu ter aparecido
Nessa minha vida já um tanto sofrida
Já não sabia mais o que fazer
Pra eu gostar de mim, me aceitar assim
Eu que queria tanto ter alguém
Agora eu sei sem mim eu não sou ninguém
Longe de mim nada mais faz sentido
Pra toda vida eu quero estar comigo
Foi tão difícil pra eu me encontrar
É muito fácil um grande amor acabar, mas
Eu vou lutar por esse amor até o fim
Não vou mais deixar eu fugir de mim
Agora eu tenho uma razão pra viver
Agora eu posso até gostar de você
Completamente eu vou poder me entregar
É bem melhor você sabendo se amar

Outra definição interessante e que merecer ser trazida nesse contexto foi dada por Clovis de Barros Filho, professor de Ética, da Escola de Comunicações e Artes da USP, em entrevista ao Jô Soares:
“Pare pra pensar. Se você vai ter que conviver com você mesmo até o fim, se você vai ter que se aguentar até o fim, se você vai ser expectador de você mesmo até o fim, é melhor que se encante com você e com o que você faz, senão dificilmente a vida vai valer a pena”
Continuando nessa linha de raciocínio, mas trazendo à tona uma visão mais Espiritualista do Amor, quem não conhece a máxima, que não é contestada por nenhuma crença ou religião, que diz: “Ame o próximo como a ti mesmo”, ou em outras palavras ame o próximo do mesmo jeito como você se ama.

Veja que tanto na frase acima, como na letra da música, no texto extraído do livro e no pensamento do professor Clóvis, o EU ou o TI MESMO vem antes.

Porque estou falando de tudo isso?

Não, eu não estou convidando ninguém a ser narcisista ou nutrir um sentimento de apego a si mesmo, pelo contrário.

 O fato é que nos venderam uma ideia errônea de que somos seres incompletos. Quantas vezes já não ouvimos alguém dizer: “Eu preciso achar minha alma gêmea”, ou, “Quando é que vou encontrar minha tampa”, ou ainda, “Minha outra metade está perdida por aí”.

Toda vez que as pessoas falam de Amor elas sempre colocam mais alguém nessa relação e dividem em Amor de Mãe ou Amor de Pai (tem um filho nessa relação), Amor de Esposa ou Amor de Marido (existe o cônjuge), Amor de Irmão (há um irmão no meio), Amor de Amigo (há uma outra pessoa ligada pelo vínculo da amizade).

Não há nada de errado nessas definições, todavia, elas nos trazem uma falsa percepção de que somente seremos felizes ou completos quando tivermos outra pessoa em nossa vida e nos esquecemos de que já nascemos completos. E agindo dessa forma invertemos o processo natural do Amor, que ao invés de se manifestar de dentro para fora passa a manifestar-se de fora para dentro.

Todos devem concordar que nós só doamos aos outros aquilo que temos. Por exemplo, se eu parar em um semáforo e uma criança pedir para eu comprar um pacote de balas eu só vou concretizar tal fato se tiver dinheiro em meu bolso ou carteira, caso contrário, mesmo que eu queira não vou poder ajudar.

Da mesma forma, se uma pessoa espere que eu a ame incondicionalmente eu só vou conseguir atender a sua expectativa se antes eu me amar incondicionalmente. Se alguém me ofender ou me prejudicar e após vier pedir perdão eu somente conseguirei perdoar se antes eu tiver aprendido a me perdoar. Se o outro aguarda minha compreensão isso só será possível se eu antes tenha aprendido a ser compreensivo comigo mesmo.

Mais uma vez, somente doamos aos outros aquilo que temos dentro de nós. Portanto, torna-se impossível eu amar, perdoar, compreender meu semelhante se eu não consigo agir desta forma comigo mesmo.

Portanto, não é o outro que tem que me completar, mas sim eu mesmo, pois uma vez completo fica fácil de compartilhar o amor, o perdão, a compreensão a todas as pessoas.

Agora, se eu jogo essa responsabilidade para o outro e este vem a faltar ou a me abandonar eu volto a ser incompleto, infeliz, a viver sem amor. Nestes casos, não estamos falando de Amor, mas de ilusões, de romances, paixões, vícios, moedas de troca, tudo menos Amor, pois o verdadeiro Amor está em nosso interior e nuca nos abandona.

Quantas vezes não ouvimos pessoas afirmando:  “Ah fulano se matou por Amor”, ou, “Beltrano matou o outro por Amor”. São os chamados crimes passionais. Isso pode ser tudo, posse, obsessão, mas jamais Amor. Suicídio, Homicídio, Crimes Passionais não podem ser sinônimo de Amor.

O verdadeiro Amor é aquele que liberta, que deseja a felicidade da outra pessoa mesmo que não seja ao seu lado. É o apego com desapego. Isso não impede de que eu sinta saudades, mas de uma forma saudável e que é perfeitamente compatível com a essência e a pureza do Amor.

Desta forma, o verdadeiro Amor está dentro de nós, e ele por si só nos completa, nos faz inteiro e quando eu alcanço sua essência e sua pureza torna-se fácil compartilhá-lo com todas as pessoas que cruzam o meu caminho, sem qualquer tipo de amarras. Passamos a ser multiplicadores desse sentimento mágico.

A escritora Martha Medeiros tem um pensamento análogo que vai ao encontro do texto e que merece ser transcrito:

“Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta. A gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável”.
Assim, a medida que a compaixão e o entendimento sobre nós mesmos cresce, começamos a experimentar a verdadeira realidade do amor em nossas vidas.

Entretanto, não se preocupe se você ainda não alcançou esse estágio, pois o amor é paciente e ele aguarda por trás das nossas frágeis ilusões o dia em que alcançaremos a nossa glória inata.

E para inspirá-los, fiquem com a letra da música Monte Castelo, da Banda Legião Urbana:

Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece
O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É um ter com quem nos mata a lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor 
Estou acordado e todos dormem
Todos dormem, todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria

Texto de Autoria de Claudinei Almeida Milsone



O GOVERNO COMO REFLEXO DA SOCIEDADE


O GOVERNO COMO REFLEXO DA SOCIEDADE

“Os que estão em cima raramente empreendem coisas diferentes. Não lhes interessa mudar. O poder e a riqueza são benevolentes para com aqueles que o possuem. E os que se acham muito por baixo, esmagados ao peso da situação, gastam suas poucas energias na simples luta por um pouco de pão”
(Rubem Alves)

Nos tempos remotos da Idade Média a sociedade, de uma forma generalizada, era dividida em três classes: nobreza, clero e o povo.

A condição de nobre herdava-se com o nascimento. Já o clero era subdividido em alto clero (bispos, abades e outros dignitários) cujo poder tinha origem divina, e o baixo clero, constituído de pessoas que se destacavam pela sua riqueza, poder e consideração social. A última classe, maioria absoluta, constituía o povo e estes não possuíam poder ou privilégio algum e viviam unicamente às custas de seu trabalho.

A Nobreza gozava de privilégios, como isenção de impostos e leis próprias. Dentro da nobreza existiam diferentes categorias. Havia os que exerciam funções miliares, enquanto outros ocupavam cargos na política ou na administração. Os nobres eram grandes proprietários de terras, alguns obtinham lucros da sua participação no comércio e acumulavam riquezas. Em resumo, formavam a classe dos mais abastados e prestigiados da sociedade.

O Clero constituído de pessoas cultas, alfabetizadas também possuíam grandes propriedades de terras e na sociedade se ocupavam do culto religioso, do ensino, assistência e, assim como os nobres, gozavam de privilégios.

Já o povo, bem o povo, sustentava com o seu trabalho toda a sociedade. Constituíam a grande maioria da população e estavam sujeitos a deveres, obrigações, pagamento de impostos e não gozavam de privilégios e nem detinham poder algum.

Enquanto as duas primeiras classes se definiam em termos das marcas que possuíam por nascimento, poder divino ou prestígio social, os últimos afirmavam: “Por nascimento nada somos. Nós nos fizemos. Somos o que produzimos”.

Todavia, com a expansão do comércio, essa última classe começou a se interessar por produzir em maior escala, aprendeu a racionalizar o trabalho, empreendeu viagens para descobrir novos mercados, passou a comercializar, obtendo, com isso, lucros e riquezas.

E foi assim que essa última classe passou a contestar o poder inútil dos que ocupavam os lugares privilegiados da sociedade medieval, comparando com o poder de utilidade prática daqueles que mesmo sem possuírem quaisquer privilégios eram capazes de alterar a sociedade por meio de seu trabalho. Surgia, então, a burguesia.

Com o avançar do tempo e o fortalecimento da burguesia estes passam a aspirar o poder, visando a modificação da na estrutura social. E através da revolução comercial o utilitarismo do trabalho se impôs sobre a inutilidade dos privilégios e benefícios.Desde então, a burguesia passou a governar, na maioria dos países, as atividades das pessoas, o que nos levou séculos depois a um mundo globalizado e capitalista.

Esse sistema nos trouxe grandes avanços tecnológicos, conforto, conquistas materiais, mas neste ponto eu arrisco uma pergunta: A sociedade, em sua essência, se modificou? Leia novamente a citação inicial de Rubem Alves e tente responder.

A resposta foi não. Correto?

Para refletir um pouco mais tomemos como exemplo o nosso país Brasil. Os nobres de ontem nada mais são do que nossos políticos de hoje e que gozam de imensuráveis privilégios.  Para ficar mais claro vamos citar e descrever o cargo de Presidente da Câmara dos Deputados, órgão em tese de representação do povo.

Segundo fonte de notícias do site UOL publicado em 27 de janeiro de 2015, (http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/01/27/casa-carro-e-47-funcionarios-conheca-as-mordomias-do-presidente-da-camara.htmo). O Presidente da Câmara recebe de salário a quantia mensal de R$ 33.700,00 (trinta e três mil e setecentos reais). Além do salário o presidente da Câmara tem direito a nomear 47 funcionários para o auxiliar no cargo. Juntos, os salários desses 47 funcionários custam R$ 4,2 milhões anualmente (doze salários, mais os valores referentes ao 13º salário). Além desses 47, é importante lembrar que todos os deputados (independente do cargo na mesa diretora) já têm direito a 25 funcionários e a uma verba de gabinete no valor de R$ 78 mil por mês. Na prática, o presidente da Câmara tem direito a 72 funcionários, que custam aos cofres públicos R$ 5,2 milhões por ano.

Fora essa estrutura o Presidente da Câmara ainda tem a seu dispor, para moradia, uma casa de 800 metros quadrados de área construída na região conhecida como Lago Sul, uma das mais nobres de Brasília. A casa tem quatro quartos, escritório, sala de jantar e piscina.

Tem direito a carro oficial com dois motoristas (em esquema de revezamento) à disposição.  Tem direito de viajar em aviões da FAB (Força Aérea Brasileira), sendo que os aviões só poderão ser utilizados se as viagens atenderem os seguintes requisitos: motivo de segurança e emergência médica, viagens a serviço e deslocamento para o local de residência permanente do presidente. Caso o presidente opte por viajar em avião de carreira, a despesa será paga pela Câmara.

Achou muito. Se contarmos que hoje o Brasil possui eleitos 513 Deputados Federais, 81 Senadores, 39 Ministérios, cada um possuindo vários funcionários atrelados e, contando ainda que eles têm direito ao salário, 13º salário, 14º salário e pasmem 15º salário, além das famosas e variadas ajudas de custos, tais como moradia, viagens, alimentação, cartão funcional e etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc e etc, você irá concluir que os privilégios e benefícios vão muito além aos da nobreza da época medieval.

Para se ter uma ideia mais ampla em 2003 o Governo Federal possuía um gasto com pagamento de pessoal na ordem de R$ 79 bilhões. Em 2013 alcançou a impressionante marca de R$ 222 bilhões. Atualizando esses dados para 2015, ao todo já são mais de 600 mil servidores, fora os mais de 100 mil nomeados em cargos de confiança. Segundo edição de nº 2365, de 27/03/2015, da Revista Isto É, para manter essa estrutura hoje já são gastos mais de R$ 400 bilhões anuais.

Falamos da Nobreza, mas quem seria o Clero de hoje?

Nada mais do que as pessoas detentoras de grandes capitais e bens, proprietárias de Empresas e Construtoras e que são intimamente ligadas ao Poder Público, e que financiam campanhas políticas em troca de favores, benefícios e privilégios, que fraudam licitações, que ganham contratos mediante o pagamento de propinas, com desvios de verbas ou superfaturamento e etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc e etc, além de outras falcatruas e jogos de poder que sua mente conseguir imaginar.

Direta e indiretamente eles determinam o andamento da economia, no intuito de resguardar seus interesses escusos. Juntos a nobreza e o clero atuais conseguiram protagonizar o maior escândalo de corrupção já conhecido neste país, onde desviaram mais de R$ 35 bilhões da Petrobrás, fato que ficou amplamente conhecido pela sociedade como Operação Lava Jato, conseguindo, inclusive, que a nota do País no Mercado Internacional fosse rebaixada, como sinal de alerta aos investidores.

E o povo, bem o povo, como na Idade Medieval, continua sustentando toda a sociedade com o seu trabalho. Neste ponto, meu caro leitor, você deve ter se identificado com esta última classe e está se sentindo vítima da situação, correto?

Errado, meu caro leitor. Você é o responsável pela situação. E antes de ficar indignado com esta afirmação e interromper a leitura do texto, peço a gentileza que você acompanhe até o final, para depois tirar suas próprias conclusões.

Vejamos. Há quarenta anos atrás os vilões eram os Militares, que também podiam ser chamados de Nobres à época, pois eram detentores do Poder e determinavam o caminho a ser seguido. As pessoas que hoje estão no Poder, naquele tempo, constituía o povo oprimido, perseguidos políticos, muitos torturados e mortos pela ditadura. Com o passar do tempo, surgiram os movimentos sindicais, protestos pelo retorno da Democracia, tais como os da Diretas Já, sendo que muitos destes opositores fundaram o Partido dos Trabalhadores e hoje encontram-se governando o País.
Pois bem, essas pessoas que hoje estão no poder recentemente moveram sete (7) processos contra uma revista amplamente conhecida e conceituada na mídia por causa de algumas reportagens sob alegação de calúnia e difamação.
Esse mesmo partido pensa em processar o Ministro do STF Gilmar Mendes por ter, durante o seu voto a favor da proibição ao financiamento privado de campanha, ter discursado contra o partido. Fonte: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,pt-avalia-processar-gilmar-mendes,1764285
Ora, não eram essas mesmas pessoas que eram contra a censura e a falta de liberdade de expressão e opinião?
Esse mesmo governo pretende aumentar impostos, recriar a CPMF, até por decreto se for preciso. Fonte: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,governo-cogita-subir-imposto-por-decreto, 1758011. Tudo isso contra a vontade popular e para cobrir o rombo no orçamento que eles mesmos criaram. Agora eu pergunto: Não eram essas mesmas pessoas que atestavam que governar por decreto era ditadorial e culpavam os militares pela dívida externa e pela inflação.
E antes que você pense que este texto é da direita, que o escritor é antipetista, capitalista ou a favor dos militares ou que acredita nesta separação sem sentido entre ricos e pobres, esquerda e direita, comunismo e capitalismo, elite branca e negros marginalizados, norte e nordeste x resto do páis, PT versus PSDB, ou está defendendo qualquer outro partido, candidato ou classe, afirmo que você está equivocado. Eu sou a favor do ser humano e da sociedade.
E neste momento do texto eu pergunto mais uma vez. Da época Medieval até agora, a Sociedade, em sua essência, se modificou?
A resposta, ainda é não, pois o ser humano, em sua essência, não se modificou. O macro apenas reflete o micro. O governo é espelho do seu povo. Nós ainda vivemos em uma ditadura, uma ditadura mascarada de democracia, que é a Ditadura do Poder.
A música “Que País é Este” foi escrita pelo falecido Renato Russo em 1978, na época da Ditadura Militar, e lançada pela Banda Legião Urbana em 1987, quando o Brasil já não estava mais sob o regime militar. Em um trecho a canção contém os seguintes dizeres: “Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo lado. Ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da Nação...”
A canção e sua letra são atemporais, ela foi escrita em 1978 e trinta e sete anos depois (37) estamos abordando os mesmos assuntos, sujeira pra todo lado, corrupção, desrespeito a Constituição. Tá certo que acrescentamos algumas coisa ruins, tais como a nova onda de arrastões nas praias cariocas. Em plena cidade maravilhosa que recebe a todos com a imagem do Cristo Redentor de braços abertos...A que ponto chegamos. Isso que é sujeira pra todo lado...
E você caro leitor, assim como eu, assim como toda a sociedade, somos responsáveis, pois fazemos em nosso mundo micro do dia a dia e dos negócios, tudo que os governantes fazem no mundo macro da política. Vou exemplificar partindo de uma experiência própria.
Há alguns anos atrás trabalhei em um grande banco privado deste país, na área de financiamento de veículos. Atuava como operador de negócios e atendia em média de 15 a 20 revendas de automóveis. O meu gerente tinha uma verba X para oferecer as revendas a título de acordo comercial. Nós como operadores, selecionávamos as revendas com maior potencial de vendas e fazíamos a seguinte proposta aos revendedores: Se você me passar X valor de financiamento no mês eu te devolvo Y em dinheiro a título de acordo comercial.
Muitos irão responder: E o que isso tem a ver. Isso é normal. Faz parte do mundo dos negócios. Saiba você que essa explicação tem um nome e Freud denominou de Racionalização, que é o processo de achar motivos lógicos e racionais aceitáveis para pensamentos e ações inaceitáveis, ou seja, para justificar seus próprios atos.
Explica-se: Quando um banco financia um veículo é porque uma concessionária ou revenda está efetuando uma venda e isso ocorre pelo fato de ter um consumidor realizando uma compra e, como ninguém dá nada de graça para alguém, muito menos Bancos, quem está pagando esse acordo comercial, esse comissionamento pago ao lojista, é você consumidor, é você como povo, pois o valor referido estará diluído nas suas suaves prestações embutidas de juros altíssimos, ou seja, o Banco vai receber de você e, em dobro, o que pagou à Revenda a título de comissão.
E você ainda corre o risco de pagar a taxa mais cara do mercado, porque o lojista não vai te oferecer a taxa mais barata se, com aquele banco ele não tiver acordo comercial, mas não vai pensar duas vezes em te empurrar a taxa mais alta se, deste banco receber o comissionamento.
E qual a diferença para uma Empresa ou Construtora que paga um valor para um Governo ou Partido Político para ganhar um contrato? No final, não é você que estará pagando a conta? A única diferença é que uma situação ocorreu no mundo micro dos negócios empresariais e a outra no mundo macro do poder político.
Caso você ainda não tenha se convencido de que é o responsável pela situação do país, ou alegue que não se encaixa na figura de responsável por não ter vivenciado nenhuma das situações até aqui descritas, então, eu peço licença para citar na íntegra um texto do Ilustre Escritor, já falecido, José Ubaldo Ribeiro, sobre o tema corrupção e com o título: Nós o Povo Brasileiro.
“A crença anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique. Agora dizemos que Lula não serve. E o que vier depois de Lula também não servirá para nada.
Por isso estou começando a suspeitar que o problema não está no ladrão corrupto que foi Collor ou na farsa que é o Lula. O problema está em nós. Nós como povo.
Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a “ESPERTEZA” é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais que o dólar. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal, deixando os demais onde estão.
Pertenço a um país onde as Empresas Privadas são papelarias particulares de seus empregados, desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos...e para eles mesmo.
Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu “puxar”a tevê a cabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país onde a impontualidade é um hábito. Onde os diretores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas fazem “gatos” para roubar luz e água e nos queixamos de como esses serviços estão caros.
Onde não existe a cultura pela leitura (exemplo maior nosso Presidente, que recentemente falou que é muito chato ter que ler) e não há consciência nem memória política, histórica e nem econômica.
Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leis que só servem para afundar ao que não tem, encher o saco ao que tem pouco e beneficiar só a alguns.
Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicos podem ser “comprados” sem fazer nenhum exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar.
Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre. Um país onde fazem um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos do Fernando Henrique e do Lula (hoje a Dilma), melhor me sinto como pessoa, apesar que ainda ontem “molhei” a mão de um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo que o Dirceu é culpado, melhor sou eu como brasileiro, apesar de ainda hoje de manhã passei para trás um cliente através de uma fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Não. Não. Não. Já basta.
Como “MATÉRIA PRIMA” de um País, temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres que nosso país precisa.
Esses efeitos, essa “ESPERTEZA BRASILEIRA”, congênita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui, até converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais do que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula (e hoje Dilma), é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS.
Nascidos aqui, não em outra parte...Me entristeço. Porque ainda que Lula (agora Dilma) renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.
E não poderá fazer nada...Não tendo nenhuma garantia de que alguém o possa fazer melhor, mas ENQUANTO ALGUÉM NÃO SINALIZAR UM CAMINHO DESTINADO A ERRADICAR PRIMEIRO OS VÍCIOS QUE TEMOS COMO POVO, NINGUÉM SERVIRÁ.
Nem serviu Collor, nem serviu Itamar, não serviu Fernando Henrique, e nem serve Lula, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa.
E enquanto essa “outra coisa” não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados...igualmente sacaneados!!!
É muito gostoso ser brasileiro. Mas quando essa brasilinidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, aí a coisa muda...Não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se nos mandam um Messias.
Nós temos que mudar, um novo governador com os mesmos brasileiros não poderá fazer nada. Está muito claro...SOMOS NÓS OS QUE TEMOS QUE MUDAR.
Sim, creio que isto se encaixa muito bem em tudo o que nos anda acontecendo; desculpamos a mediocridade mediante programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso.
É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castiga-lo, senão para exigir-lhe (sim exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e estou seguro que o encontrarei. QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.
E você o que pensa?” (José Ubaldo Ribeiro).
Assim, depois de refletirmos sobre esse maravilhoso texto do José Ubaldo Ribeiro, quando formos culpar a ditadura, os militares, a direita, o capitalismo, ou a democracia, a esquerda, o comunismo, o partido ou o político A,B,C ou D, ou qualquer outro fator de sua preferência, lembre-se que HÁ UM PAÍS CHAMADO BRASIL CLAMANDO, IMPLORANDO: “QUE TAL CAMINHARMOS PARA FRENTE?”
Estejamos cientes de que somente culpamos os outros pelo que temos dentro de nós mesmos, mas não queremos aceitar e ou reconhecer em nosso interior. A isso Freud também deu um nome, chama-se Projeção, que nada mais é do que projetar meus defeitos nos outros. Por isso que nosso governo não passa de uma imagem projetada da própria sociedade, do famoso “JEITINHO BRASILEIRO”, de querer ganhar vantagem em tudo, mesmo que em detrimento e prejuízo do outro.
Esse “Jeitinho Brasileiro”, ao qual Carl Gustav Jung definiria como Arquétipo Coletivo, é um vírus, uma doença grave, um Câncer Social, cujo verdadeiro nome é EGOÍSMO, onde cada um pensa em si, sem se preocupar com seu próximo.
Quando curarmos nosso egoísmo, ninguém no mundo estará mais discutindo sobre ditadura, democracia, direita, esquerda, capitalismo, socialismo, pois neste momento, haverá no mundo somente um movimento, o do SOLIDARIALISMO.
E a cura desse Câncer Social, o EGOÍSMO, passa por mim, passa por você, ou como disse José Ubaldo Ribeiro ou Michael Jackson, na música “Main in the Mirror” passa pelo homem ou mulher que está a sua frente no ESPELHO.
E quando chegarmos a esse dia, deixaremos de andar em círculos, pois o governo irá refletir uma nova imagem...a imagem de uma sociedade, MATÉRIA PRIMA DE UM PAÍS, MODIFICADA.
Neste dia, o verdadeiro Amor estará presente, substituindo o egoísmo latente no coração humano e, aqueles que estiverem no poder, seja a época que for, defenderão os interesses coletivos, ao invés de seus próprios interesses. As grandes empresas e pessoas detentoras de capitais e bens passarão a produzir não somente para acumular riquezas, mas também o suficiente para erradicar a miséria e varrer a pobreza e a fome do mundo, bem como passarão a investir em tecnologia não somente para criar mais conforto e fomentar o consumo desenfreado, mas também para equipar hospitais de qualidade, dando condições de todos terem acesso à saúde e construirão e estruturarão escolas para que todos tenham acesso à educação, no intuito de no futuro, todos, por merecimento, possam produzir e acumular suas próprias riquezas, mas sem esquecer do seu semelhante.
Neste dia a frase de Rubem Alves contida no início do texto será refeita nos seguintes termos:
“Os que estão em cima empreende coisas diferentes, pois lhes interessa mudar. O poder e a riqueza somente são benevolentes quando dá condições de todos os alcançarem e quando são revertidos em favor do próximo. E os que se acham por baixo não se sentem esmagados pelo peso da situação e gastam suas energias na simples luta, pela construção de um mundo melhor”
TEXTO DE AUTORIA DE CLAUDINEI ALMEIDA MILSONE.

EDUCAÇÃO EMOCIONAL NAS ESCOLAS


EDUCAÇÃO EMOCIONAL NAS ESCOLAS

A educação hoje fornecida pelas escolas é baseada na formação intelectual dos jovens e por melhor que esta seja, ou venha a ser no futuro, é falha na construção de valores e princípios que vão formar o caráter moral do indivíduo e direcionar seus relacionamentos sociais na vida adulta, pois não aborda a questão da educação emocional, dos sentimentos e emoções que fazem parte da totalidade do ser.
Todavia, muitos irão argumentar que a educação emocional não é de responsabilidade da escola, mas sim da família. Entretanto, temos de convir que, a figura da família sofreu grandes modificações em sua estrutura com o passar do tempo. Hoje há vários tipos de família.  No mais, a maioria dos pais e responsáveis pela educação da criança e do jovem, atualmente trabalham fora e pouco tempo possuem para ficar com seus filhos e, consequentemente, cada vez mais aumentam os números de estudantes em tempo integral nas escolas.
Portanto, a educação não é de responsabilidade somente da família, ou tão somente da escola, mas da sociedade como um todo. E se observamos a realidade que nos cerca veremos que estamos falhando e, muito, na educação de nossos jovens. Se a sociedade desempenhasse com louvor e completude essa função educadora, não teríamos tantos casos de homicídios, crimes passionais, desrespeito à vida e ao meio ambiente, preconceitos, corrupção, tráfico de drogas, e tantos outros que fazem parte constante do noticiário.
Notório e sabido por todos que, quando vamos construir um imóvel iniciamos a obra sempre pela sua base, reforçando a sua fundação, para que ela seja sólida e venha a aguentar todo o peso da construção. E qual é a base do ser humano? Nada mais do que a educação que lhe foi dada quando ainda jovem. Porém, a sua base nunca será forte o suficiente para suportar o peso e os desafios da vida, enquanto estiver baseada somente na educação intelectual.
 Não conseguiremos transmitir todos os valores necessários aos jovens, enquanto continuarmos ensinando-lhe tão somente: português, matemática, geografia, biologia, inglês, educação física e demais matérias curriculares e deixarmos de lado a educação emocional, que trabalha as emoções e os sentimentos presentes em todo ser humano, tanto em seus aspectos positivos e negativos e suas consequências na vida de cada um.
Somente seremos capazes de construir indivíduos mentalmente fortes e socialmente saudáveis quando integralizarmos a educação intelectual com a educação emocional. Duas faces que se completam.
Uma pessoa com a mente forte e equilibrada reflete um ser saudável no seu aspecto emocional e social, tornando-se altamente comprometido e produtivo tanto para si quanto para seus semelhantes.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde é um estado completo de bem estar físico, mental e social e não somente a ausência de afecções e enfermidades. Ninguém irá discordar que progredimos muito quanto ao completo bem estar físico. Hoje é preocupação da sociedade como um todo praticar esportes, alimentar-se de forma saudável e equilibrada. As academias vivem lotadas, os consultórios dos endocrinologistas e nutricionistas também. Alimentos naturais e orgânicos estão na moda, assim como programas que falam sobre o bem estar físico do indivíduo. Nas escolas temos na grade curricular a educação física.
Mas e quanto ao bem estar mental e social? Será que isso faz parte da nossa sociedade. Absolutamente não. Nunca na história humana tivemos tantas pessoas depressivas, usuárias de drogas ilícitas, alcoólatras, pessoas que não sabem lidar com suas emoções e sentimentos, que tem dificuldades em se relacionarem socialmente, que não conseguem conviver com suas frustrações e com os obstáculos da vida.
A história recente é rica em nos dar exemplos de pessoas altamente inteligentes, com QI(s) elevadíssimos e bem sucedidos profissionalmente que, numa simples briga de trânsito puxam o gatilho de uma arma e tiram a vida de outro semelhante; ou por crises de ciúme ou brigas domésticas matam o cônjuge e até mesmo os filhos; bem como de jovens capazes intelectualmente que agridem professores em sala de aula. E porque isso ocorre? Simplesmente pelo fato destas pessoas serem possuidoras de sentimentos e emoções desequilibradas, pois nunca ninguém lhes ensinou a educá-las. 
Desta forma, se não possuirmos um completo bem estar mental e social, a única conclusão a que podemos chegar é a de que somos doentes e vivemos em uma sociedade doente. E não se cura uma doença combatendo os seus efeitos, mas sim a sua causa e, somente a educação emocional é capaz de formar um cidadão mentalmente e socialmente são.
Se um dia pretendemos acabar com as drogas não é prendendo e punindo traficantes, mas sim educando as crianças e adolescentes quanto aos efeitos devastadores daquelas no organismo humano e as consequências prejudiciais e infelizes que causam à família e a sociedade como um todo.
Se quisermos acabar com os crimes de trânsito causados pelo álcool, não será com bafômetros, multas, apreensão da carteira de motorista e ou veículo, mas sim ensinando as crianças e adolescentes quanto aos efeitos do álcool no organismo e os prejuízos que acarretam no seio familiar, profissional e social.
Se almejarmos extinguir a violência da sociedade não será através da construção de presídios e punição dos criminosos, mas sim por meio do ensino aos jovens, nas escolas, sobre a importância do amor, do respeito ao próximo, da solidariedade, do combate ao preconceito, do expor e não impor ideias.
Neste diapasão, torna-se totalmente incongruente punir e corrigir o homem formado sem nunca o ter educado adequadamente. Não se construiu uma base firme e, a toda hora estamos consertando a fundação pelo telhado, mas esse telhado é frágil, de vidro, e está sempre caindo em nossas cabeças.
Já passou da hora de começarmos a discutir nas escolas a importância dos sentimentos e emoções positivas e os reflexos gerados em nossa vida; vamos abordar o amor, falar da humildade, discorrer sobre a solidariedade, vamos enaltecer a honestidade, a verdade, buscar caminhos para a tolerância, a ética e o respeito às diferenças, dissertar sobre a felicidade e a alegria. De que forma? Através de textos, atividades, por meio da história de personagens reais que fizeram parte da nossa história de forma positiva. Temos tantos: Jesus; Gandhi, Nelson Mandela, Martin Luther King, Ayrton Senna, Bethoven, etc.
Mas também vamos abordar, reconhecendo e combatendo, as emoções e os sentimentos negativos que, também existem dentro de nós, que geram conflitos em nossas vidas e são causados pelo: ódio, rancores e mágoas, inveja, mentira, egoísmo, orgulho, entre tantos outros que nos aprisionam e nos cegam.
Proclamemos a era da valorização da vida, estimulando a exposição e a discussão das emoções e dos sentimentos internos do ser humano. Vamos ensinar os jovens a enfrentar as dificuldades, obstáculos e frustrações da vida para que eles aceitem os desafios e encarem a realidade, ao invés de fugirem, mergulhando nos vícios de toda sorte ou na violência, para resolverem seus problemas.
A melhor medicina não é a paliativa, mas sim a preventiva. A melhor educação não á a punitiva, mas a de formação. Vamos plantar essas sementes nas escolas para germinar no futuro os frutos dos homens de caráter, mentalmente e socialmente são. E aqueles, que mesmo assim, se desvirtuarem do caminho do bem, não poderão culpar a sociedade, pois terão aprendido a exercitar o livre arbítrio e serão responsáveis pelas suas escolhas, vez que foram apresentados aos sentimentos e as emoções que fazem parte integrante do seu ser e os reflexos que cada um deles traz em sua vida.
Com a educação somente intelectual, da forma que ela se apresenta hoje nas escolas, os jovens se utilizam somente da mente racional e não se dão conta que o mundo somente pode ser percebido na sua totalidade, quando passamos também a enxergá-lo com os olhos da emoção e do sentimento, ou seja, os olhos do coração. Somente quando a educação emocional fizer parte da grade curricular dos nossos jovens é que conseguiremos alcançar um equilíbrio perfeito entre razão e emoção.
Daniel Coleman, em sua obra: “Inteligência Emocional”, aponta com propriedade ao afirmar: “Neste momento, deixamos a educação emocional de nossos filhos ao acaso, com consequências cada vez mais desastrosas. Uma das soluções é uma nova visão do que as escolas podem fazer para educar o aluno todo, juntando mente e coração na sala de aula”. 
Antoine de Saint-Exupéry, escritor francês, Autor da obra, “O Pequeno Príncipe”, resume bem esse pensamento ao afirmar:
Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Antevejo o dia em que todo o sistema educacional estará estruturado para levar inteligência às nossas emoções, civilidade às nossas ruas e envolvimento à nossa vida comunitária, pois estará amparado em rotinas e práticas de atividades que visam a instalação de aptidões humanas, essenciais ao despertar da consciência, do autocontrole, da empatia e das artes de ouvir, resolver conflitos e cooperar. 
E assim, em um dia qualquer, sem que nos apercebamos, estaremos abrindo um jornal, ligando uma TV, ou acessando a Internet e nossas casas estarão sendo invadidas por notícias positivas, que retratam o “Homem Equilibrado” em um mundo de Paz e de Solidariedade e não estaremos mais preocupados com os Direitos Humanos, pois teremos formados HUMANOS DIREITOS.    





GRADE CURRICULAR – MATÉRIAS QUE PODERIAM SER ABORDADAS ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO EMOCIONAL.

1-    Aprendendo, através de textos e atividades em grupo, sobre sentimentos e atos positivos com definições e exemplos reais, com personagens reais:


·       Amor
·       Ética
·       Solidariedade
·       Humildade
·       Honestidade
·       Trabalho
·       Pacificidade
·       Alegria
·       Perdão
·       Paciência
·       Disciplina
·       Perseverança



2-    Reconhecendo e combatendo sentimentos e atos negativos, com definições e exemplos reais, de personagens reais.


·       Ódio
·       Rancor e Mágoa
·       Intolerância e Preconceitos
·       Inveja
·       Mentira
·       Orgulho
·       Egoísmo
·       Impaciência
·       Indisciplina
·       Preguiça



OUTROS EXEMPLOS DE MATÉRIAS A SEREM ABORDADAS

Ø  A importância do sonhar e a busca no trabalho, com perseverança e disciplina, a realização de metas e objetivos.
Ø  Como lidar com as dificuldades e obstáculos da vida e os fracassos temporários. Podemos abordar a serenidade, a aceitação da realidade, incentivando a descoberta da força interior para vencê-los. Trazer o exemplo dos atletas paraolímpicos e de pessoas que, mesmo sofrendo com alguma limitação ou deficiência são exemplos de superação.
Ø  Como lidar com a tristeza, com a saudade e a perda de entes queridos.
Ø  A importância dos Líderes Positivos. A história de líderes pacíficos que transformaram o mundo tais como: Jesus, Mandela, Gandhi, Madre Teresa, Marthin Luther King, entre outros:
Ø  Os Líderes Negativos e os prejuízos ocasionados ao mundo, decorrentes de suas ações, baseadas no ódio, na intolerância e no orgulho: Adolph Hitler, Mussolini, Osama Bin Laden, etc.
Ø  Os tipos de drogas ilícitas e seus efeitos no organismo, bem como as consequências na família e na sociedade.
Ø  As drogas legalizadas, os efeitos do álcool e do cigarro no organismo, bem como no seio familiar, profissional e social.
Ø  A corrupção como câncer social e a formação de jovens interessados em mudar a realidade política do país.
Ø  O preconceito e seus males. A intolerância ou o respeito às diferenças?
Ø  A valorização da vida e o combate à violência, através do amor e do respeito ao próximo.
Ø  Valorização da beleza interior, com o respeito às características físicas de cada um.
Ø  Trabalho em equipe. Ninguém faz nada sozinho. Como saber expor ideias, ao invés de tentar impô-las.
Ø  Trabalhos Sociais e Solidariedade. Campanhas de arrecadação de alimentos, de agasalhos, brinquedos, preservação do meio ambiente.
Estes são pequenos exemplos de infinitas matérias que poderiam ser abordadas.

O importante é darmos o primeiro passo.

Texto de Autoria de Claudinei Almeida Milsone