quarta-feira, 21 de outubro de 2015

EDUCAÇÃO EMOCIONAL NAS ESCOLAS


EDUCAÇÃO EMOCIONAL NAS ESCOLAS

A educação hoje fornecida pelas escolas é baseada na formação intelectual dos jovens e por melhor que esta seja, ou venha a ser no futuro, é falha na construção de valores e princípios que vão formar o caráter moral do indivíduo e direcionar seus relacionamentos sociais na vida adulta, pois não aborda a questão da educação emocional, dos sentimentos e emoções que fazem parte da totalidade do ser.
Todavia, muitos irão argumentar que a educação emocional não é de responsabilidade da escola, mas sim da família. Entretanto, temos de convir que, a figura da família sofreu grandes modificações em sua estrutura com o passar do tempo. Hoje há vários tipos de família.  No mais, a maioria dos pais e responsáveis pela educação da criança e do jovem, atualmente trabalham fora e pouco tempo possuem para ficar com seus filhos e, consequentemente, cada vez mais aumentam os números de estudantes em tempo integral nas escolas.
Portanto, a educação não é de responsabilidade somente da família, ou tão somente da escola, mas da sociedade como um todo. E se observamos a realidade que nos cerca veremos que estamos falhando e, muito, na educação de nossos jovens. Se a sociedade desempenhasse com louvor e completude essa função educadora, não teríamos tantos casos de homicídios, crimes passionais, desrespeito à vida e ao meio ambiente, preconceitos, corrupção, tráfico de drogas, e tantos outros que fazem parte constante do noticiário.
Notório e sabido por todos que, quando vamos construir um imóvel iniciamos a obra sempre pela sua base, reforçando a sua fundação, para que ela seja sólida e venha a aguentar todo o peso da construção. E qual é a base do ser humano? Nada mais do que a educação que lhe foi dada quando ainda jovem. Porém, a sua base nunca será forte o suficiente para suportar o peso e os desafios da vida, enquanto estiver baseada somente na educação intelectual.
 Não conseguiremos transmitir todos os valores necessários aos jovens, enquanto continuarmos ensinando-lhe tão somente: português, matemática, geografia, biologia, inglês, educação física e demais matérias curriculares e deixarmos de lado a educação emocional, que trabalha as emoções e os sentimentos presentes em todo ser humano, tanto em seus aspectos positivos e negativos e suas consequências na vida de cada um.
Somente seremos capazes de construir indivíduos mentalmente fortes e socialmente saudáveis quando integralizarmos a educação intelectual com a educação emocional. Duas faces que se completam.
Uma pessoa com a mente forte e equilibrada reflete um ser saudável no seu aspecto emocional e social, tornando-se altamente comprometido e produtivo tanto para si quanto para seus semelhantes.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde é um estado completo de bem estar físico, mental e social e não somente a ausência de afecções e enfermidades. Ninguém irá discordar que progredimos muito quanto ao completo bem estar físico. Hoje é preocupação da sociedade como um todo praticar esportes, alimentar-se de forma saudável e equilibrada. As academias vivem lotadas, os consultórios dos endocrinologistas e nutricionistas também. Alimentos naturais e orgânicos estão na moda, assim como programas que falam sobre o bem estar físico do indivíduo. Nas escolas temos na grade curricular a educação física.
Mas e quanto ao bem estar mental e social? Será que isso faz parte da nossa sociedade. Absolutamente não. Nunca na história humana tivemos tantas pessoas depressivas, usuárias de drogas ilícitas, alcoólatras, pessoas que não sabem lidar com suas emoções e sentimentos, que tem dificuldades em se relacionarem socialmente, que não conseguem conviver com suas frustrações e com os obstáculos da vida.
A história recente é rica em nos dar exemplos de pessoas altamente inteligentes, com QI(s) elevadíssimos e bem sucedidos profissionalmente que, numa simples briga de trânsito puxam o gatilho de uma arma e tiram a vida de outro semelhante; ou por crises de ciúme ou brigas domésticas matam o cônjuge e até mesmo os filhos; bem como de jovens capazes intelectualmente que agridem professores em sala de aula. E porque isso ocorre? Simplesmente pelo fato destas pessoas serem possuidoras de sentimentos e emoções desequilibradas, pois nunca ninguém lhes ensinou a educá-las. 
Desta forma, se não possuirmos um completo bem estar mental e social, a única conclusão a que podemos chegar é a de que somos doentes e vivemos em uma sociedade doente. E não se cura uma doença combatendo os seus efeitos, mas sim a sua causa e, somente a educação emocional é capaz de formar um cidadão mentalmente e socialmente são.
Se um dia pretendemos acabar com as drogas não é prendendo e punindo traficantes, mas sim educando as crianças e adolescentes quanto aos efeitos devastadores daquelas no organismo humano e as consequências prejudiciais e infelizes que causam à família e a sociedade como um todo.
Se quisermos acabar com os crimes de trânsito causados pelo álcool, não será com bafômetros, multas, apreensão da carteira de motorista e ou veículo, mas sim ensinando as crianças e adolescentes quanto aos efeitos do álcool no organismo e os prejuízos que acarretam no seio familiar, profissional e social.
Se almejarmos extinguir a violência da sociedade não será através da construção de presídios e punição dos criminosos, mas sim por meio do ensino aos jovens, nas escolas, sobre a importância do amor, do respeito ao próximo, da solidariedade, do combate ao preconceito, do expor e não impor ideias.
Neste diapasão, torna-se totalmente incongruente punir e corrigir o homem formado sem nunca o ter educado adequadamente. Não se construiu uma base firme e, a toda hora estamos consertando a fundação pelo telhado, mas esse telhado é frágil, de vidro, e está sempre caindo em nossas cabeças.
Já passou da hora de começarmos a discutir nas escolas a importância dos sentimentos e emoções positivas e os reflexos gerados em nossa vida; vamos abordar o amor, falar da humildade, discorrer sobre a solidariedade, vamos enaltecer a honestidade, a verdade, buscar caminhos para a tolerância, a ética e o respeito às diferenças, dissertar sobre a felicidade e a alegria. De que forma? Através de textos, atividades, por meio da história de personagens reais que fizeram parte da nossa história de forma positiva. Temos tantos: Jesus; Gandhi, Nelson Mandela, Martin Luther King, Ayrton Senna, Bethoven, etc.
Mas também vamos abordar, reconhecendo e combatendo, as emoções e os sentimentos negativos que, também existem dentro de nós, que geram conflitos em nossas vidas e são causados pelo: ódio, rancores e mágoas, inveja, mentira, egoísmo, orgulho, entre tantos outros que nos aprisionam e nos cegam.
Proclamemos a era da valorização da vida, estimulando a exposição e a discussão das emoções e dos sentimentos internos do ser humano. Vamos ensinar os jovens a enfrentar as dificuldades, obstáculos e frustrações da vida para que eles aceitem os desafios e encarem a realidade, ao invés de fugirem, mergulhando nos vícios de toda sorte ou na violência, para resolverem seus problemas.
A melhor medicina não é a paliativa, mas sim a preventiva. A melhor educação não á a punitiva, mas a de formação. Vamos plantar essas sementes nas escolas para germinar no futuro os frutos dos homens de caráter, mentalmente e socialmente são. E aqueles, que mesmo assim, se desvirtuarem do caminho do bem, não poderão culpar a sociedade, pois terão aprendido a exercitar o livre arbítrio e serão responsáveis pelas suas escolhas, vez que foram apresentados aos sentimentos e as emoções que fazem parte integrante do seu ser e os reflexos que cada um deles traz em sua vida.
Com a educação somente intelectual, da forma que ela se apresenta hoje nas escolas, os jovens se utilizam somente da mente racional e não se dão conta que o mundo somente pode ser percebido na sua totalidade, quando passamos também a enxergá-lo com os olhos da emoção e do sentimento, ou seja, os olhos do coração. Somente quando a educação emocional fizer parte da grade curricular dos nossos jovens é que conseguiremos alcançar um equilíbrio perfeito entre razão e emoção.
Daniel Coleman, em sua obra: “Inteligência Emocional”, aponta com propriedade ao afirmar: “Neste momento, deixamos a educação emocional de nossos filhos ao acaso, com consequências cada vez mais desastrosas. Uma das soluções é uma nova visão do que as escolas podem fazer para educar o aluno todo, juntando mente e coração na sala de aula”. 
Antoine de Saint-Exupéry, escritor francês, Autor da obra, “O Pequeno Príncipe”, resume bem esse pensamento ao afirmar:
Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Antevejo o dia em que todo o sistema educacional estará estruturado para levar inteligência às nossas emoções, civilidade às nossas ruas e envolvimento à nossa vida comunitária, pois estará amparado em rotinas e práticas de atividades que visam a instalação de aptidões humanas, essenciais ao despertar da consciência, do autocontrole, da empatia e das artes de ouvir, resolver conflitos e cooperar. 
E assim, em um dia qualquer, sem que nos apercebamos, estaremos abrindo um jornal, ligando uma TV, ou acessando a Internet e nossas casas estarão sendo invadidas por notícias positivas, que retratam o “Homem Equilibrado” em um mundo de Paz e de Solidariedade e não estaremos mais preocupados com os Direitos Humanos, pois teremos formados HUMANOS DIREITOS.    





GRADE CURRICULAR – MATÉRIAS QUE PODERIAM SER ABORDADAS ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO EMOCIONAL.

1-    Aprendendo, através de textos e atividades em grupo, sobre sentimentos e atos positivos com definições e exemplos reais, com personagens reais:


·       Amor
·       Ética
·       Solidariedade
·       Humildade
·       Honestidade
·       Trabalho
·       Pacificidade
·       Alegria
·       Perdão
·       Paciência
·       Disciplina
·       Perseverança



2-    Reconhecendo e combatendo sentimentos e atos negativos, com definições e exemplos reais, de personagens reais.


·       Ódio
·       Rancor e Mágoa
·       Intolerância e Preconceitos
·       Inveja
·       Mentira
·       Orgulho
·       Egoísmo
·       Impaciência
·       Indisciplina
·       Preguiça



OUTROS EXEMPLOS DE MATÉRIAS A SEREM ABORDADAS

Ø  A importância do sonhar e a busca no trabalho, com perseverança e disciplina, a realização de metas e objetivos.
Ø  Como lidar com as dificuldades e obstáculos da vida e os fracassos temporários. Podemos abordar a serenidade, a aceitação da realidade, incentivando a descoberta da força interior para vencê-los. Trazer o exemplo dos atletas paraolímpicos e de pessoas que, mesmo sofrendo com alguma limitação ou deficiência são exemplos de superação.
Ø  Como lidar com a tristeza, com a saudade e a perda de entes queridos.
Ø  A importância dos Líderes Positivos. A história de líderes pacíficos que transformaram o mundo tais como: Jesus, Mandela, Gandhi, Madre Teresa, Marthin Luther King, entre outros:
Ø  Os Líderes Negativos e os prejuízos ocasionados ao mundo, decorrentes de suas ações, baseadas no ódio, na intolerância e no orgulho: Adolph Hitler, Mussolini, Osama Bin Laden, etc.
Ø  Os tipos de drogas ilícitas e seus efeitos no organismo, bem como as consequências na família e na sociedade.
Ø  As drogas legalizadas, os efeitos do álcool e do cigarro no organismo, bem como no seio familiar, profissional e social.
Ø  A corrupção como câncer social e a formação de jovens interessados em mudar a realidade política do país.
Ø  O preconceito e seus males. A intolerância ou o respeito às diferenças?
Ø  A valorização da vida e o combate à violência, através do amor e do respeito ao próximo.
Ø  Valorização da beleza interior, com o respeito às características físicas de cada um.
Ø  Trabalho em equipe. Ninguém faz nada sozinho. Como saber expor ideias, ao invés de tentar impô-las.
Ø  Trabalhos Sociais e Solidariedade. Campanhas de arrecadação de alimentos, de agasalhos, brinquedos, preservação do meio ambiente.
Estes são pequenos exemplos de infinitas matérias que poderiam ser abordadas.

O importante é darmos o primeiro passo.

Texto de Autoria de Claudinei Almeida Milsone




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